Resenha Brilho Eterno: Reynaldo Gianecchini e Tainá Muller Brilham em Espetáculo Reflexivo sobre Relacionamentos

"Brilho Eterno", dirigida e idealizada por Jorge Farjalla, é uma adaptação teatral livremente inspirada no filme "Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças" (2004), escrito por Charlie Kaufman e dirigido por Michel Gondry. Estrelada por Reynaldo Gianecchini e Tainá Müller, a peça estreou em 10 de janeiro de 2025 no Teatro Bravos, localizado no Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo. Após uma temporada anterior aclamada, na qual conquistou quatro prêmios no Prêmio Bibi Ferreira, incluindo o de Melhor Espetáculo, a produção retorna aos palcos paulistanos com grande expectativa.

Créditos: Priscila Prade

A narrativa centra-se em Jesse (Gianecchini), um escritor introspectivo que, no Dia dos Namorados, decide não trabalhar e reflete sobre como sua vida seria se estivesse em um relacionamento. Embora não demonstre estar abertamente disposto a se envolver amorosamente, o destino o coloca no caminho de Celine (Müller), uma atendente de livraria que sonhava em ser atriz, mas cuja carreira não prosperou além da bilheteria do teatro. Ambos compartilham uma admiração pelo filme "Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças", o que serve como ponto de conexão inicial entre eles.

A relação entre Jesse e Celine desenvolve-se de forma orgânica, passando pelos estágios de encantamento, desafios cotidianos e eventual desgaste. A peça sugere que a história se desenrola durante a pandemia, evidenciada pelo uso ocasional de máscaras pelos personagens, adicionando uma camada de contemporaneidade e relevância ao contexto.

Um dos destaques da produção é a estética moderna e atual. O cenário dinâmico adapta-se aos diversos momentos da narrativa, servindo não apenas como pano de fundo, mas como um recurso narrativo que enriquece a compreensão do público sobre as emoções e dilemas dos personagens. O design de som, elaborado por Dan Maia, é particularmente notável. Em determinados momentos, o espectador sente-se imerso na mente dos protagonistas, compartilhando seus pensamentos e reflexões mais íntimas.

As performances de Gianecchini e Müller são excepcionais. Gianecchini captura com precisão a introspecção e os conflitos internos de Jesse, enquanto Müller traz à tona a vulnerabilidade e os anseios de Celine. O elenco de apoio, composto por Wilson de Santos, Renata Brás, Fábio Ventura e Tom Karabachian, oferece suporte robusto, contribuindo significativamente para o desenvolvimento do enredo e proporcionando momentos de alívio cômico e introspecção. Destaca-se a atuação de Renata Brás, que lhe rendeu o prêmio de Melhor Atriz Coadjuvante no Prêmio Bibi Ferreira.

A trama explora os desafios dos relacionamentos modernos, abordando temas como ego, amor-próprio, ciúme e as pequenas tensões do cotidiano que, acumuladas, podem minar até mesmo as relações mais promissoras. Em um ponto crucial da história, ambos os personagens optam por esquecer um ao outro, submetendo-se a um procedimento que apaga as memórias compartilhadas. Durante esse processo, eles enfrentam questionamentos profundos, conhecem novas pessoas e refletem sobre o verdadeiro significado de suas experiências juntos.

"Brilho Eterno" convida o público a questionar o quanto estamos realmente abertos a nos conectar com os outros e se, ao nos relacionarmos, estamos dispostos a ouvir e compreender verdadeiramente o ponto de vista alheio. A peça nos desafia a considerar se apagar as memórias dolorosas é a solução ou se são essas lembranças que nos moldam e enriquecem nossa experiência humana.

Em suma, "Brilho Eterno" é uma obra teatral que combina uma narrativa envolvente com elementos técnicos de alta qualidade, resultando em uma experiência profundamente emocional e reflexiva. Em cartaz no Teatro Bravos por uma curta temporada, é uma produção imperdível para aqueles que buscam uma exploração sincera e artística dos intricados labirintos do amor e da memória.


Sobre o Filme Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças

O filme "Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças" (2004), escrito por Charlie Kaufman e dirigido por Michel Gondry, com Jim Carrey e Kate Winslet nos papéis principais, serve como base para a peça "Brilho Eterno". O filme narra a história de Joel e Clementine, um casal que decide apagar um ao outro de suas memórias após um relacionamento tumultuado. A narrativa não linear e a exploração da memória e do amor tornaram o filme um clássico cult, e a peça "Brilho Eterno" captura sua essência com maestria, adaptando-a para os palcos com sensibilidade e criatividade.


Serviço:

Local: Teatro Bravos, Instituto Tomie Ohtake, São Paulo.

Temporada: A partir de 10 de janeiro de 2025.

Ingressos: Disponíveis na bilheteria do teatro e online.

Para mais informações, visite o perfil oficial da peça no Instagram: @brilhoeternoteatro


Resenha por: Caroline Soares


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