Últimas semanas para conferir Mira Schendel - esperar que a letra se forme e Carlito Carvalhosa - A metade do dobro, no Instituto Tomie Ohtake

Mira Schendel – esperar que a letra se forme, exposição com curadoria de Galciani Neves e Paulo Miyada, que explora a presença dos signos gráficos, da letra e da palavra linguagem na produção artística de Mira Schendel (1919–1988), segue em cartaz até o domingo, dia 2 de fevereiro de 2025. A data marca também o encerramento da mostra Carlito Carvalhosa – A metade do dobro, a primeira retrospectiva de fôlego sobre a produção artística de Carlito Carvalhosa (1961–2021).

Cabrel Escritório de Imagem
Carlito Carvalhosa - A metade do dobro


No sábado, dia 1 de fevereiro, às 11h, a mesa “Escritura-desenho: diálogos com Mira Schendel”, com a participação dos curadores Carina Bukuts, Galciani Neves e Paulo Miyada, encerra a programação pública da mostra. O evento não exige inscrição prévia e contará com tradução simultânea.


Sobre Mira Schendel – esperar que a letra se forme

Dividida em sete núcleos, a exposição reúne mais de 250 obras, entre pinturas, monotipias, desenhos, cadernos, objetos gráficos e uma instalação, nessa mostra que convida o público a imergir na presença da palavra na produção artística de Mira e suas interligações.  Esta exposição conta com o patrocínio do Nubank, através do Ministério da Cultura, via Lei de Incentivo à Cultura, Programa Nacional de Apoio à Cultura e Governo Federal - Brasil, União e Reconstrução.

Reconhecida como uma das artistas mais significativas da arte brasileira do século XX, Mira Schendel nasceu em Zurique, na Suíça, com ascendência judaica, tcheca, alemã e italiana. Devido à perseguição antissemita, fugiu para o Brasil em 1949, onde viveu e produziu grande parte de sua obra, dialogando com a Poesia Concreta, o Neoconcretismo e as experimentações artísticas das décadas de 1960 e 1970.

Neves e Miyada assinalam que Schendel desafiava a si mesma buscando formas de atribuir sentido ao efêmero. Foi em um manuscrito da artista, por exemplo, que os curadores encontraram o título da exposição, “esperar que a letra se forme” e de lá extraíram também o trecho a seguir, presente no texto curatorial: “A sequência das letras no papel imita o tempo, sem poder realmente representá-lo. São simulações do tempo vivido, e não capturam a vivência do irrecuperável, que caracteriza esse tempo. Os textos que desenhei no papel podem ser lidos e relidos, coisa que o tempo não pode. Fixam, sem imortalizar, a fluidez do tempo”.

A curadoria pensou a montagem em sete núcleos sustentados de maneira fluida na cronologia da artista. Em “Chegada ao Brasil e à palavra”, núcleo que abre a exposição, o público confere o percurso de representações esquemáticas de objetos para composições abstratas e experimentos com elementos gráficos. Destaque para as obras dos anos 1960, quando Mira integra rótulos e textos em seus trabalhos, trazendo a palavra escrita para o centro de suas composições. Em “Escritura-desenho estruturando espaços”, estão desenhos feitos com nanquim e carvão que trazem a relação entre palavra e espaço, combinando letras, signos gráficos e gestos caligráficos. Segundo a curadoria, Haroldo de Campos descreveu essa "arte-escritura" de Mira , na qual o signo gráfico se torna uma questão estética e uma forma de fabulação de espaços.

Em “A palavra em espiral”, estão trabalhos que trazem palavras em diferentes idiomas, sobretudo italiano e o alemão, línguas que a artista herdou dos pais, que aparecem junto ao português, língua oficial do Brasil. Para a curadoria, “Essa diversidade de expressões e pronúncias efetiva a palavra no trabalho da artista como uma espécie de acontecimento de enunciação de algo, como se escrever/desenhar as letras e a sua decodificação fizessem realizar o que ali está posto. A palavra instaura, assim, uma situação”, completam.

O núcleo seguinte, “Arte: encontro com o corpóreo” destaque para os Toquinhos, tanto os feitos em papel de arroz, como os em acrílico. Entre as séries homônimas, os decalques de letraset são o elemento comum. Já em “Refluir de páginas fechadas e abertas”, estão os cadernos de Mira Schendel. A curadoria aponta que “Essas obras – feitas, em sua grande maioria, no ano de 1971 – são exercícios de composição em papéis encadernados, perfurados, grampeados ou colados, como brochuras ou simples aglomerados de páginas. A artista usufruiu de centenas de conjuntos de folhas, de muitas dimensões, que, compreendidas em sua sequencialidade, formam um percurso no tempo e no espaço”.

Completam a exposição “Monotipias e objetos gráficos”, duas das mais conhecidas séries da artista e “Ondas paradas de probabilidade, um sussurro”, que, como o nome já entrega, apresenta a instalação “Ondas Paradas de Probabilidade”, sua obra de maior dimensão.


Sobre Carlito Carvalhosa – a metade do dobro 

Com curadoria conjunta de Ana Roman, Lúcia Stumpf, Luis Pérez-Oramas e Paulo Miyada, a exposição reúne cerca de 150 obras que datam de 1984 a 2021, perpassando quase quarenta anos de carreira, reunindo muitos exemplos da constante experimentação do artista com diferentes materialidades, navegando entre os limites da pintura, escultura e instalação. Esta exposição conta com o patrocínio da Livelo e do Grupo CCR, por meio do Instituto CCR, na Cota Apresenta e do BMA Advogados na Cota Prata, através do Ministério da Cultura, via Lei de Incentivo à Cultura, Programa Nacional de Apoio à Cultura e Governo Federal - Brasil, União e Reconstrução.

Sem seguir uma ordem cronológica, a mostra dividida em sete núcleos é permeada por rebatimentos entre permanências e tensões ou, como afirma Ana Roman, “essa oscilação entre a presença e a ausência no espaço, entre o visível e o oculto, é um tema central que atravessa as várias fases da produção de Carvalhosa”.

O primeiro núcleo expositivo, o único cronológico, traz pinturas do início da carreira na Casa 7, ateliê que reunia, além de Carvalhosa, Fábio Miguez, Paulo Monteiro, Rodrigo Andrade e posteriormente Nuno Ramos, jovens artistas unidos por laços de amizade e por propósitos estéticos comuns. Estão lá, por exemplo, duas obras do artista de 1985 que compuseram A Grande Tela na 18° Bienal de São Paulo. Paulo Miyada nos conta que as pinturas de Carvalhosa “são maiores que seu corpo, transbordam massa de tinta manuseada com vigor, e trazem alusões tanto a figuras mundanas quanto a estilemas da história da arte recente. Desse encontro iniciático com a ideia da pintura, Carlito sai com um impulso que nunca mais abandonaria: o interesse pelo que existe de tátil na produção de imagens, pelo háptico subjacente ao ótico”.

A seção seguinte tem como destaque uma parede de encáusticas produzidas entre 1988 e 1991. São obras que, segundo Lúcia Stumpf, “a partir da mistura de cera e terebentina, com pouco pigmento, resultam em pinturas ricas em camadas matéricas e texturas, privilegiando a cor e a transparência da cera. Já as obras em cera policromáticas são compostas pela sobreposição de camadas, em um procedimento que remete à colagem”. E estão posicionadas em diálogo frontal com os espelhos graxos, feitos a partir de 2003. O fascínio pelo espelho perdurou por anos, e com ele o artista produziu dezenas de peças, com as mais variadas cores, processos, formatos e técnicas.

O núcleo seguinte traz um conjunto expressivo dos dedinhos, trabalhos muito característicos de sua produção, feitos em cera, com 30x30, e que formam uma espécie de mosaico. O mesmo espaço abriga as ceras perdidas, primeiro conjunto escultórico de Carvalhosa, produzido em 1995. Originalmente altas, as peças foram moldadas por abraços do artista no bloco de cera maleável, trazendo sua estrutura corporal para a obra. Com os anos, elas murcharam e perderam altura, ganhando outra expressão plástica, bastante diferente da original.

O visitante ingressa na sala seguinte pela instalação Qualquer direção, de 2011, uma das primeiras que o artista faz com lâmpadas fluorescentes. Mais uma vez a obra está em diálogo, agora com as pinturas feitas em chapas de alumínio. O núcleo seguinte traz alumínios brancos em diálogo com esculturas de porcelana. Para Stumpf, “as monotipias e pinturas em gesso rebatem os contornos orgânicos das esculturas, que por sua vez ofuscam o olhar do espectador com sua superfície reflexiva”, completa a curadora. Estão nesse núcleo ainda alguns toquinhos, obras que rememoram as grandes instalações de postes. 

O último núcleo traz os trabalhos do fim da carreira. São obras feitas em cera que dialogam com os dedinhos. Agora menos orgânicas, essas pinturas, que marcam o retorno à cera, foram realizadas a partir de 2017 com o uso de moldes, seguindo esquemas geométricos e usando cores vibrantes. Luis Pérez-Oramas conclui que “Se há uma coisa que me parece caracterizar a obra de Carlito Carvalhosa, em todas as suas fases, e em suas realizações mais emblemáticas, é o exercício permanente de chegar não ao fim, mas ao começo, não ao ato final, mas à potência, não à forma clara e definida, mas ao seu estágio larval, impuro, onde residem todas as suas possibilidades”, completa.  


Audiolivro

Um audiolivro produzido em parceria com a Supersônica – plataforma concebida e criada junto a Maria Carvalhosa, filha do artista, acompanha a exposição. Nele, o ouvinte é guiado por reflexões de colaboradores, curadores, artistas e amigos de Carvalhosa sobre suas encáusticas, espelhos e esculturas, entremeados por trechos de entrevistas do artista e sonorizações de suas obras. A trilha sonora, parte fundamental desse livro, evoca a atmosfera de suas instalações.


Serviço:

Mira Schendel – esperar que a letra se forme

Carlito Carvalhosa – A metade do dobro


Em cartaz até 02 de fevereiro de 2025

De terça a domingo, das 11h às 19h – entrada franca


Instituto Tomie Ohtake

Av. Faria Lima 201 (Entrada pela Rua Coropé, 88) - Pinheiros SP

Metrô mais próximo - Estação Faria Lima/Linha 4 – amarela

Fone: 11 2245 1900


Site: institutotomieohtake.org.br

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Press release by Instituto Tomie Ohtake


Esse conteúdo faz parte do projeto Mona Cultural e conta com o apoio de Da20 Conteúdo Digital, CareUp, ZTX Lab e Cris Moraes PR

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